1 de outubro de 2007

O Dirigente do Culto 1

 

O Dirigente do Culto

Pr. João A. de Souza Filho

No livro "O Ministério de Louvor da Igreja", editado pela Editora Betânia, apresento alguns requisitos de comportamento que todo dirigente de culto deve ter diante de seus colegas, diante da igreja e na direção do Espírito Santo. Se pudesse reeditar aquele capítulo, apresentaria outros requisitos tão necessários na vida dos músicos e dirigentes de cultos. Nas conferências sobre louvor e adoração, tenho falado sobre a necessidade dessas qualificações que todo dirigente de culto deve ter.

Há requisitos para a igreja e para os pastores que se resumem essencialmente numa palavra: Vida. Se não há vida na igreja, o louvor não flui nos cultos. Entretanto, se quisermos cultos com um fluir de Deus, o dirigente do culto deve ser o primeiro a esquadrinhar sua vida espiritual à luz dos seguintes pontos:

Quanto a sua Vida Pessoal:

Em primeiro lugar ele deve ter uma experiência bíblica clara, indiscutível e marcante do novo nascimento. Isto é, ele tem que ser convertido, comprometido com Jesus Cristo. A Pessoa de Jesus é mais importante para ele, acima de qualquer outra pessoa ou atividade. Jesus falou sobre isto para Nicodemos (Jo 3.1-8). Pedro fala desta mudança de vida, de um outro redirecionamento espiritual, de uma mudança de curso (At 3.19). Fala de um abandono total ao estilo de vida mundano que nossos pais nos legaram (1Pe 1.17-23), estilo de vida marcante, que Paulo resume em poucas palavras: "Se alguém está em Cristo, é nova criatura" (2 Co 5.17).

Em segundo lugar, ele deve ter uma revelação e uma experiência pessoal do poder remissor do sangue de Jesus Cristo. O sangue de Jesus Cristo é que nos comprou para Deus (At 20.28; 1 Pe 1.19,20; Ap 5.9). O sangue nos justificou de nossos pecados, (Rm 5.8,9; Ap 1.5), purificando-nos de nossa má consciência, (Hb 9.11-14). O sangue de Cristo nos garante acesso à presença de Deus (10.19-22), fazendo-nos viver em perfeito relacionamento com nossos irmãos, (1 Jo 1.7). A honra que o Filho recebe, a exaltação cantada pelos anjos e pelos redimidos tem uma marca: o sangue. Ele recebe a honra por que é o Cordeiro de Deus que foi morto e com o seu sangue comprou para Deus... O sangue de Cristo tem que ser experimentado na vida de todo adorar (Ap 7.14).

Em terceiro lugar, todo dirigente ou músico tem que ter uma experiência bíblica, pessoal e visível do Espírito Santo em sua vida. Recomendo que todo dirigente de culto estude o livro de Atos sublinhando todas as vezes em que o Espírito Santo aparece em ação. É ele que nos capacita e nos enche de poder (At 1.8). Examine esses textos cuidadosamente: At 2.4,11, 15 ; 4.8, 31; 5.32; 6.3,5, 10; 8.15-18; 8.39; 9.17, 31; 10.19,44; 11.12, 15, 24; 13.2). Ele está sempre atento ao culto da Igreja e quer participar na exaltação a Deus e ao Seu Filho Jesus Cristo.

Em quarto lugar, uma vida de santificação refletida no seu viver diário. A vida de santificação produz resultados visíveis por toda a igreja e pela sociedade. Pedro fala em "santificação do Espírito" (1 Pe 1.2), em vida santa e irrepreensível (Ef 1.4;) enquanto Paulo fala em "andar no Espírito" (Gl 5.16-26). Uma vida santificada produz resultados ainda maiores pois o louvor flui no culto a Deus resultante de uma vida santificada. Numa igreja santa o louvor é perene, vívido, belo, poético, etc. Numa igreja em pecado o louvor não pode fluir!

Em quinto lugar, faz-se necessário que todo dirigente tenha um entendimento bíblico da vida cristã. O Que quero dizer com isto? É simples:

(a) Ele deve ter em mente que a igreja é uma família e que o viver comunitário tem as suas implicações. Exemplo disto são as mutualidades da vida cristã, como: amar uns aos outros; perdoar, ajudar, suportar, carregar os fardos, etc. São mais de 30 as mutualidades para a vida cristã.

(b) Ele deve também ter um conhecimento e uma experiência da batalha espiritual e suas dimensões. Temos que entender que no reino de Deus não há reservistas: todos são automaticamente alistados à batalha. Há uma luta no nível pessoal (o indivíduo luta consigo mesmo numa guerra pela verdade, Espírito contra a carne). Há uma luta travada no âmbito familiar (o indivíduo é perseguido no âmbito familiar por sua decisão em seguir a Cristo). Há também uma luta no meio social (quando ele é perseguido na sociedade por causa de seu testemunho cristão) e a batalha adquire contornos políticos quando nossa vida não mais se encaixa nos moldes das leis que governam a sociedade. Paulo foi para Roma como prisioneiro e João foi exilado em Patmos. O texto de Efésios dá uma dimensão perfeita dos quatro níveis onde esta guerra se trava (Ef 6. 10-20).

c) Deve também entender que a submissão uns aos outros e às autoridades na vida da igreja são requisitos importantes para a vida de adoração. Os músicos e dirigentes de louvor, especialmente, são uma raça caracteristicamente rebelde e têm que aprender o caminho da obediência pela submissão (1 Pe 5.5,6; Hb 13.7,17; 2 Pe 2.10-12). Nos dias de Davi todos estavam submissos aos seus mestres que por sua vez se submetiam ao rei (1 Cr 25.6). Na área do louvor e adoração, temos que entender que nossa função é a de ministrar sob autoridade. O caminho da submissão é o caminho do perfeito louvor (Ef 5.18-21; Cl 3.16).

Em sexto lugar todo músico ou dirigente de culto deve ter uma vida cristã disciplinada Uma vida disciplinada na oração, no louvor e na adoração. Disciplinado no duro trabalho de treinar sua habilidade musical: ele tem que ser o melhor para Deus! (se é músico, tem disciplina no aprendizado e na execução de seu instrumento). A Bíblia fala sobre isto: (Sl 33.3; 1 Cr 25.8; 15, 20-22;)

Em sétimo lugar, um bom dirigente de culto lê e estuda tudo o que a Escritura tem a dizer sobre adoração, louvor, música, etc. Os cânticos do Apocalipse devem fazer parte de seu Espírito, alma e corpo. Ele deve transpirar louvor e adoração dia e noite! E é claro, pesquisa o que outros autores têm a dizer sobre o tema. Muitos irmãos têm escrito sobre o assunto ultimamente.

Quanto à sua Vida Comunitária:

Quanto à sua vida comunitária há também alguns requisitos que devem ser preenchidos.

Em primeiro lugar, deve ser reconhecido pela igreja como uma pessoa em cuja vida está a unção de Deus. Como isto ocorre? Pelo testemunho da vida comunitária: a igreja vê o seu zelo, dedicação e fidelidade a Deus. Como Samuel em quem o povo de Israel viu a graça de Deus (1 Sm 3.18-21) ou como Josué que o povo viu como homem de Deus (Js 1.1,2). Ele deve ser um homem de raízes na vida da igreja, conhecido no tempo e na atividade da igreja (At 1.21; 6.3; 15.22, etc).

Em segundo lugar o dirigente de louvor deve ter uma vida de serviço: como discípulo ele vive para servir ao próximo e a Deus. Seu testemunho de vida é maior do que sua habilidade na direção do louvor ou na execução do seu instrumento.

Quanto à Sua Função no Culto a Deus:

Há vários fatores que influenciam e determinam quanto ao fluir no culto a Deus. Poderíamos resumir em alguns pontos:

Primeiro. É necessário um entendimento do que é o culto a Deus. Temos que varrer de nossa mente todo o conceito adquirido de nossa tradição histórico\religiosa e aprender tudo de novo à luz de um mover claro e dinâmico do Espírito Santo. As formas de cultos que nossos pais nos legaram nem sempre servem para o tempo de hoje.

Em segundo lugar é necessário entender o que é uma liturgia. Liturgia não é um ritual, é antes de tudo, o serviço do povo, criado pelo povo conforme o estilo de vida das pessoas em todas as épocas. Felizmente a Escritura não nos legou nem um modelo de culto. Não há onde copiar um culto. Ele é dinâmico. Aquela maneira de cultuar dos primeiros cristãos não serviria para os nossos dias. Por isto o Espírito Santo não deixou um "modelito" universal. O estilo e a maneira de viver das pessoas em cada cultura e em cada época produzirá uma liturgia própria. O Espírito Santo não impõe e não copia. Ele pode entrar na contramão da história e da cultura e produzir o que Ele quer. Um culto no interior do Brasil é bem diferente de um culto numa grande cidade como São Paulo.

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Silvia Helena

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